Cordel de Drummond vira espetáculo em Brasília


O único cordel escrito por Carlos Drummond de Andrade, Estória de João Joana, foi montado como espetáculo musical em Brasília, para as comemorações ao Dia Internacional da Mulher. A dificuldade de ser mulher no sertão dos anos 1960 é o tema abordado pelo espetáculo.

Os cantores Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Marina Lutfi e João Gurgel se juntaram a 80 músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, sob a regência do maestro Cláudio Cohen, e ao cineasta e compositor Sérgio Ricardo para a apresentação.

A cantora Elba Ramalho destacou que o musical é também uma forma de preservação da obra do escritor brasileiro. “Eu venho fazer esse trabalho com muita alegria. É um cordel antigo, um poema de Carlos Drummond de Andrade, um poeta que eu admiro bastante, e as obras de qualidade a gente deve preservar”, comentou a intérprete.

O espetáculo relatou a história verídica da vida de uma menina criada pela mãe como menino. A mãe acreditava que, daquela maneira, a menina teria chances de viver com dignidade. A saga de João Joana se passou no interior do Brasil durante os anos 1960.

A apresentação composta por ritmos brasileiros como maracatu, samba e baião se dividiu em quadros, representados pelas canções. Cada um dos quadros tem uma dramaticidade específica. O espetáculo contou ainda com recitativos que surgiam como lentas melodias cantadas por um dos seis intérpretes e acompanhadas por todos em uma espécie de procissão.

Emocionada, a plateia vibrou com a canção da revelação de João como mulher. Diz o cordel:

“Aquela cena imprevista
causou a maior surpresa
o que tanto se ocultara
se mostrava sem defesa
João deixara de ser João
por força da natureza”.

Ao final do show, quando o público pediu bis, essa foi a música escolhida pelos artistas para ser tocada novamente. Confira trecho do espetáculo no vídeo abaixo:

Informações da Agência Brasília

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